A personalidade borderline é um transtorno de personalidade caracterizado por uma instabilidade intensa e persistente nos relacionamentos, na autoimagem e nos estados de humor. O termo “borderline” foi introduzido pela primeira vez na década de 1930 pelo psiquiatra Adolf Stern, que usou o termo para descrever pacientes que não se enquadravam nas categorias de transtorno esquizóide ou esquizofrênico, mas que apresentavam sintomas semelhantes.
Na década de 1950, o psiquiatra americano Harry Stack Sullivan desenvolveu a teoria da personalidade borderline, descrevendo-a como um transtorno de personalidade caracterizado por relacionamentos interpessoais instáveis e por uma autoimagem insegura e instável. Na década de 1960, o psiquiatra americano Otto Kernberg popularizou a teoria da personalidade borderline e a incluiu na classificação diagnóstica oficial.
No entanto, o diagnóstico da personalidade borderline foi alvo de controvérsia ao longo dos anos. Alguns críticos argumentaram que o transtorno era mal definido e que os sintomas eram muito vagos. Outros argumentaram que o transtorno era frequentemente diagnosticado de forma equivocada, especialmente em mulheres, e que havia um estigma associado ao diagnóstico.
Em 1980, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) da American Psychiatric Association incluiu a personalidade borderline como um transtorno de personalidade independente, com uma série de critérios diagnósticos específicos. No entanto, ainda havia controvérsia em torno do diagnóstico, e alguns críticos argumentavam que os critérios eram imprecisos e subjetivos.
Em 1994, o DSM-IV atualizou os critérios diagnósticos para a personalidade borderline, incluindo cinco critérios principais: instabilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, impulsividade, comportamento auto-lesivo e instabilidade emocional. No entanto, ainda havia críticas quanto à imprecisão dos critérios e à subjetividade do diagnóstico.
Atualmente, a personalidade borderline continua a ser um transtorno de personalidade controversa. Embora seja amplamente aceito como um transtorno de personalidade, alguns críticos argumentam que os critérios diagnósticos precisam ser aperfeiçoados e que o transtorno precisa ser melhor compreendido. Enquanto isso, a pesquisa continua para entender melhor a personalidade borderline e desenvolver tratamentos mais eficientes.
A personalidade borderline é um transtorno de personalidade caracterizado por uma instabilidade intensa e persistente nos relacionamentos, na autoimagem e nos estados de humor. As pessoas com este transtorno podem ter dificuldade em controlar suas emoções e podem alternar entre sentimentos de vazio e raiva. Eles também podem ter impulsos suicidas e auto-lesivos.
Os sintomas da personalidade borderline podem incluir:
• Mudanças frequentes de humor e comportamento
• Dificuldade em manter relacionamentos saudáveis e estáveis
• Autoimagem instável e baixa autoestima
• Pensamentos e comportamentos impulsivos, como compras excessivas, uso de drogas, relações sexuais desprotegidas e comportamento suicida
As características de uma pessoa sem transtorno de personalidade borderline incluem:
1. Estabilidade emocional: As pessoas sem transtorno de personalidade borderline geralmente têm uma estabilidade emocional e não experimentam mudanças bruscas ou intensas de humor.
2. Estabilidade nos relacionamentos: As pessoas sem transtorno de personalidade borderline geralmente têm relacionamentos saudáveis e estáveis, e não experimentam mudanças bruscas ou intensas na forma como se relacionam com os outros.
3. Autoimagem estável: As pessoas sem transtorno de personalidade borderline geralmente têm uma autoimagem estável e uma boa autoestima.
4. Controle de impulsos: As pessoas sem transtorno de personalidade borderline geralmente têm um bom controle de impulsos e não agem de forma impulsiva ou irresponsável.
5. Comportamento auto-lesivo: As pessoas sem transtorno de personalidade borderline não têm tendência a comportamentos auto-lesivos ou suicidas.
É importante notar que a presença destas características não garante que uma pessoa não tenha o transtorno de personalidade borderline, e que existem pessoas com o transtorno que podem ter boa estabilidade emocional, relacionamentos saudáveis, boa autoimagem e outras características mencionadas. E também é importante lembrar que a personalidade é uma construção complexa e multifacetada, e que pode ser influenciada por uma variedade de fatores, incluindo genética, ambiente e desenvolvimento.
Os comportamentos auto-lesivos são bastante comuns em pessoas com transtorno de personalidade borderline e talvez os mais marcantes. Alguns dos comportamentos auto-lesivos mais comuns incluem:
• Corte: É o ato de cortar ou arranhar a pele com objetos afiados, como facas ou tesouras.
• Auto-mutilação: É o ato de infligir dor física em si mesmo, como queimar-se ou se bater, de forma intencional.
• Comportamentos suicidas: Pessoas com transtorno de personalidade borderline podem ter pensamentos suicidas e podem tentar suicídio.
• Comportamentos de risco: Como uso excessivo de drogas, sexo desprotegido, alimentação desordenada e outros comportamentos que podem colocar a saúde em risco.
• Abuso de álcool ou drogas: Pessoas com transtorno de personalidade borderline podem abusar de álcool ou drogas para lidar com suas emoções difíceis.
É importante notar que esses comportamentos auto-lesivos são indicativos de sofrimento e podem ser sinais de transtorno de personalidade borderline ou outros transtornos mentais, e devem ser levados a sério. As pessoas que se auto lesionam precisam de ajuda profissional para lidar com seus problemas emocionais e para encontrar formas mais saudáveis de lidar com seus sentimentos.
A psicanálise enfatiza a importância dos processos inconscientes e das relações interpessoais precoces na formação do transtorno de personalidade borderline. Segundo essa perspectiva, o comportamento auto-lesivo pode ser visto como uma forma de expressar o sofrimento inconsciente relacionado a relacionamentos interpessoais precoces desfavoráveis, como negligência, abuso ou rejeição. A auto-lesão pode ser vista como uma forma de lidar com esses sentimentos inconscientes, aliviando a tensão interna e proporcionando um senso de controle sobre o sofrimento.
A psicoterapia psicanalítica pode ser uma forma eficaz de tratamento para pessoas com transtorno de personalidade borderline, pois se concentra em processos inconscientes e relacionamentos interpessoais precoces que podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno. A psicoterapia psicanalítica pode ajudar as pessoas com transtorno de personalidade borderline a:
• Entender e lidar com os sentimentos inconscientes de raiva, vazio e solidão que podem estar relacionados a relacionamentos interpessoais precoces desfavoráveis.
• Melhorar a capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis e estáveis, ao aprender a lidar com os sentimentos inconscientes relacionados a relacionamentos interpessoais precoces.
• Desenvolver uma melhor autoimagem e autoestima, ao lidar com os sentimentos inconscientes relacionados a relacionamentos interpessoais precoces.
• Reduzir o comportamento auto-lesivo, ao lidar com os sentimentos inconscientes relacionados a relacionamentos interpessoais precoces e encontrando formas mais saudáveis de lidar com o sofrimento emocional.
A psicoterapia psicanalítica geralmente é uma terapia de longa duração, e pode ser um complemento eficaz a outras formas de tratamento, como a terapia cognitivo-comportamental e a medicação, para ajudar a melhorar os sintomas e a qualidade de vida para pessoas com transtorno de personalidade borderline.
A família e os amigos podem desempenhar um papel importante no apoio a uma pessoa com transtorno de personalidade borderline. Algumas maneiras de ajudar incluem:
• Entender o transtorno: Aprender sobre o transtorno de personalidade borderline pode ajudar a família e os amigos a entender os sintomas e o comportamento da pessoa afetada e a lidar melhor com eles.
• Ser compreensivo e paciente: As pessoas com transtorno de personalidade borderline podem ter dificuldade em controlar suas emoções e podem reagir de maneira intensa ou imprevisível. A família e os amigos devem ser compreensivos e pacientes e evitar julgar ou criticar a pessoa.
• Ajudar a encontrar tratamento: Ajudar a pessoa a encontrar um profissional de saúde mental qualificado e apoiá-lo durante o tratamento pode ser crucial para a recuperação da pessoa com transtorno de personalidade borderline. Isso pode incluir acompanhar a pessoa em consultas, ajudá-la a encontrar recursos financeiros e ajudá-la a aderir ao tratamento.
• Ajudar a desenvolver habilidades de coping: Ajudar a pessoa a desenvolver habilidades de coping saudáveis e estratégias para lidar com as emoções difíceis pode ser uma parte importante do apoio. Isso pode incluir ajudar a pessoa a encontrar atividades relaxantes, ensinar técnicas de respiração e meditação, e ajudá-la a encontrar formas positivas de lidar com a raiva e a ansiedade.
• Oferecer um ambiente estável e previsível: Oferecer um ambiente estável e previsível em casa e entre amigos pode ajudar a pessoa a se sentir mais segura e menos ansiosa. Isso pode incluir manter horários regulares, evitar mudanças bruscas e surpresas, e ser consistentes em comportamento e comunicação.
• Oferecer suporte emocional: Oferecer suporte emocional e ouvir ativamente as preocupações e sentimentos da pessoa com transtorno de personalidade borderline pode ser uma parte importante do apoio. Isso pode incluir ser um ombro amigo, oferecer palavras de encorajamento e apoio, e ajudar a pessoa a se sentir compreendida e aceita.
• Evitar habilitar comportamentos auto-lesivos: É importante evitar habilitar comportamentos auto-lesivos, como ceder às demandas de atenção ou permitir que a pessoa evite responsabilidades. Ajudar a pessoa a encontrar formas saudáveis de lidar com as emoções e a evitar comportamentos auto-lesivos é crucial para o seu bem-estar a longo prazo.
• Se cuidar: Cuidar de si mesmo é crucial ao apoiar alguém com transtorno de personalidade borderline, pois pode ser desafiador e estressante. A família e os amigos devem se lembrar de cuidar de sua própria saúde emocional e física, e procurar apoio se precisarem.
É importante lembrar que o tratamento para transtorno de personalidade borderline é um processo continuo e pode ser difícil, mas com o apoio adequado de familiares e amigos, a pessoa pode obter melhora e ter uma vida melhor.
Autor: Dr. Fabio Correa – CRP 06/71103
Sobre o autor
Dr. Fabio Correa é psicólogo Especialista em Psicoterapia Psicanalítica na cidade de São Caetano do Sul. Possui sólida formação teórica e técnica. Sua atuação está pautada em valores como ética, respeito e dedicação aos pacientes que atende.
Maiores informações ou agendamentos através do fone/whatsapp (11) 99850-6328